NUMISMÁTICA: um investimento enriquecedor em todos os
sentidos
(Goulart Gomes)
O dinheiro é uma das mais antigas
“invenções” da humanidade. A partir do momento em que as sociedades perceberam
que era muito mais prático ter um elemento mediador para as transações
comerciais, do que realizar o escambo (troca direta de mercadorias), estava
iniciado o processo de construção de um meio monetário, representado hoje pela
moeda e papel-moeda. Sal (origem da palavra “salário”), gado (em latim, pecunia), conchas e outros objetos foram
inicialmente utilizados para este fim, depois substituídos pelos metais (ouro,
prata, cobre, bronze) e pedras preciosas, até chegarmos na moeda metálica.
A primeira emissão
oficial de moeda por um Estado, o electrum-stater,
ocorreu no reinado do imperador Croesius,
da Lídia (atual Turquia) há mais de 2.500 anos. Já o papel-moeda teria seu uso
oficial no Ocidente iniciado em 1660, pelo Banco da Suécia, em Estocolmo. Mas
antes disso, os chineses fizeram alguns experimentos com impressões em papel,
em 1189. Nas Américas, os Estados Unidos iniciaram a impressão em 1690. As
primeiras moedas cunhadas em solo brasileiro foram realizadas pelos holandeses,
durante a invasão a Pernambuco, em 1645, as chamadas obsidionais.
Com a circulação do
dinheiro na Europa, viria a surgir a usura, como era intitulado o empréstimo a
juros, prática que foi condenável desde Aristóteles até a Idade Média, por ser
uma forma de ganho sem o “suor do teu rosto”, conforme ordena a Bíblia. Com o
passar do tempo surgiriam as diversas formas de investimentos, sejam em metais
(ouro e prata), pedras preciosas, outras moedas fortes (dólar, euro)
commodities (mercadorias), ações, certificados de instituições públicas ou
privadas até a nossa popular caderneta de poupança.
Atualmente as possibilidades
de investimentos são muito amplas e os especialistas até recomendam que aqueles
que possuem um maior volume de capital, diversifiquem, aplicando em diferentes
“carteiras”.
Mas, existem formas
de investimento menos populares, mas que vêm obtendo um significativo crescimento,
inclusive no Brasil, como os mercados de Artes Plásticas, Antiguidades e
Numismática. Uma rápida pesquisa na internet nos mostra que as telas mais caras
de grandes artistas (Klimt, Pablo Picasso, Van Gogh, Renoir, etc) foram
comercializadas entre 53 e 135 milhões de dólares. Grandes empresas, como a
britânica Sotheby’s, que tem escritórios em vários países, leiloa milhões de libras
esterlinas em objetos, anualmente. Um programa televisivo de comércio de
antiguidades recentemente mostrou um par de raras cédulas de dólar que valem
US$ 1 milhão! É sobre este tipo de
investimento que queremos tratar neste artigo.
O termo “numismática”
originalmente se aplicava apenas à ciência
que estuda as cédulas, moedas e medalhas,
pelo seu caráter histórico. Hoje, a expressão numismata também se aplica àquele
que as coleciona. No Brasil, a
quantidade de numismatas vem crescendo a cada ano, pois além de ser um hobby muito prazeroso, é também
rentável.
Poucas pessoas sabem
que a cédula brasileira mais cara ultrapassa os 60 mil reais; que a cédula de
50 reais assinada por Pérsio Árida (1994), em perfeito estado, vale mais de
3.000 reais e que existem moedas, como a chamada Peça da Coroação, da qual
foram cunhadas apenas 64 unidades, a pedido de D. Pedro I (1822), que custa
mais de 400.000 reais!
Apenas para termos
uma ideia, em um período de dois anos, o mais utilizado dos catálogos de
cédulas brasileiras aponta uma valorização média de 30% nas cédulas nele
constantes. Quando se trata das moedas de ouro e prata, então, a valorização
pode ser ainda maior, pois além da raridade da moeda existe um outro fator, que
é a variação do preço do metal.
As alternativas da
numismática são diversas, a depender da preferência do colecionador/investidor:
as cédulas e moedas podem ser classificadas de diversas formas: valor nominal,
preço, território (nacionais ou estrangeiras), metal (ouro, prata, bronze,
cobre, etc.), período (século XX, XIX), governo, etc. Outra grande vantagem da
numismática é que cada colecionador estabelece seu próprio patamar de
investimento, dentro das suas condições financeiras, escolhendo peças de menor
ou maior raridade.
Mas, como em qualquer
outro “negócio” é fundamental possuir conhecimentos básicos sobre o assunto.
Existe uma farta bibliografia sobre o tema, mas vamos dar algumas dicas para
quem deseja começar:
1. Defina exatamente
o que deseja colecionar. Se abrir muitas possibilidades, você não se concentrará
em nenhuma.
2. O valor de uma
cédula ou moeda é definido por sua raridade, e não apenas pela antiguidade.
Cédulas e moedas mais recentes podem valer mais que uma antiga, se foi
produzida em menor quantidade.
3. Conheça a
reputação de quem vai lhe vender cédulas ou moedas. Como nas outras áreas de
antiguidades, existem muitas réplicas e falsificações.
4. Aprenda a
diferenciar exatamente o estado de conservação do que está colecionando. Os
quatro termos mais utilizados são: bem conservada (BC), muito bem conservada
(MBC), soberba (SOB) e flor de estampa ou flor de cunho (FE e FC, para cédulas
e moedas, respectivamente).
5. Adquira um bom
catálogo para ter uma referência do valor pelo qual está comercializando.
6. Não existem lucros
rápidos e fáceis nesta área. Todos os investimentos só têm retorno no médio ou
longo prazo. Quanto maior o número de colecionadores, maior será a demanda.
Sendo a oferta, limitada, a tendência é de valorização crescente.
7. Não tenha pressa.
É muito mais prazeroso e lucrativo ir completando uma coleção gradativamente,
que comprá-la pronta.
8. Acondicione as
cédulas e moedas em álbuns próprios para tal fim, garantindo que não haverá
nenhuma deteriorização das mesmas com o passar do tempo.
9. Converse sobre o
assunto com amigos e familiares, eles sempre têm alguma cédula ou moeda
esquecida no fundo da gaveta. Mas tenha cuidado ao conversar sobre o assunto
com estranhos, para não ser vítima de golpes.
10. É sempre
interessante procurar a “história” por trás da cédula ou da moeda. Ser numismata
é ampliar conhecimentos sobre História, Economia e Geografia, enriquecendo sua
cultura tanto quanto seu bolso.
BIBLIOGRAFIA:
Mudd, Douglas. ALL
THE MONEY IN THE WORLD. New York: Smithsonian Institution, 2006.
Spinola,
Noenio. DINHEIRO, DEUSES & PODER. São Paulo: Civilização
Brasileira, 2011.
Parabéns pela iniciativa, Goulart. Tenho algumas cédulas antigas aqui em casa, deixadas pelo meu pai. Depois pesquisarei com calma por aqui para ver se lhes descubro o valor e também onde negociá-las com segurança. Boa sorte. Ricardo Alfaya
ResponderExcluirParabéns, Goulart. Muito bom texto e apresentação! Um abraço deste lado do mar.
ResponderExcluirParabéns, Goulart. Muito bom texto e apresentação! Um abraço deste lado do mar.
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